Precisamos lutar sempre para o progresso de nossas vidas, não importa a religião de cada um e sim a fé que nos move.
Há mais de oito anos comecei a viver um drama familiar. Meu pai havia sofrido um acidente entre o ônibus que dirigia e um carro de passeio. Ele não teve culpa, porém, ficou profundamente abalado, fato que o levou a uma forte depressão que desencadeou dependência de álcool.
Ele sempre foi motorista e tinha orgulho do que fazia, afinal foram mais de 30 anos de trabalho sem ao menos se envolver em qualquer tipo de acidente, porém neste acidente morreram cinco jovens.
O carro em que estavam seguia em alta velocidade e bateu de frente no ônibus que meu pai dirigia. No momento do acidente o ônibus estava parado no acostamento, e meu pai não sofreu sequer um arranhão, mas sua dor veio posterior ao fato ocorrido.
A partir daí, ele perdeu toda sua alegria de viver, sempre estava trancado no quarto, dormia dias seguidos, sem se alimentar, sem se comunicar.
Muito deprimido começou a beber, passamos a sofrer junto com ele os momentos angustiantes.
E assim foram longos sete anos, que iam mudando ao decorrer do tempo, ao final ele estava agressivo com minha mãe, saia sem rumo e voltava para casa machucado e bêbado.
Dirigia alcoolizado arriscando a própria vida e a dos outros, literalmente sem nenhuma noção de perigo, ele não era mais aquele homem íntegro, tranquilo que eu conhecia.
Meu pai foi quem me ensinou ser quem eu sou, acima de qualquer coisa agir com honestidade em tudo que fizer, respeitar o próximo, e ser sempre solidária com os outros, enfim, exemplos nobres que aprendi e levarei sempre comigo por onde caminhar.
Quando me deparei com essa situação, minha família estava se definhando, não podia aceitar isso e dentro de mim existia uma força que me impulsionava a acreditar na cura do meu pai, principalmente em saber que não cresci num ambiente hostil, com bebidas, ou qualquer outro tipo de droga.
Passei a frequentar uma igreja evangélica, grupo de oração, pedia incansavelmente a todos para que mandasse um pensamento positivo, uma oração, mas ainda assim, podia fazer mais.
Foi quando descobri a Fraternidade Cósmica Universal, por meio do meu tio, sabia que lá realizavam um trabalho lindo onde ajudavam várias pessoas com o problemas semelhantes ao que estava passando.
Fui muito confiante, quando cheguei no tratamento expliquei ao Doutor Fritz o motivo da minha busca, e ele carinhosamente me perguntou se eu tinha fé, respondi que sim e ele disse que meu pai ia melhorar, mas que ainda teria um período delicado de sete meses, e que se eu já estava buscando deveria redobrar essa busca, e que a família deveria apoia-lo ainda mais, sai dali com muito mais força e esperança da sala de tratamento.
Passado um mês, ele foi internado num hospital psiquiátrico, ficou lá por um mês, quando retornou à casa, passou a frequentar o AA – Alcoólicos Anônimos -, e uma casa para dependentes químicos com apoio médico semanal, e assim está até hoje, tomando medicação regulamente e num período de quase dois anos que está completando agora, ele teve apenas uma recaída. Consegui aposentá-lo, pois em todo esse tempo não tínhamos nenhum recurso financeiro.
Eu conclui meu curso de Direito com bolsa da prefeitura da minha cidade, e ainda trabalhava para sustentar a casa.
Entretanto, o período que o Doutor disse que ele ia melhorar, acredito que ele foi curado, pois voltamos a ser uma família como antes, foi um tempo de transformação e cura, eu acreditei tive e tenho fé, tenho orgulho da minha luta e dedicação e por não ter em nenhum momento desistido do meu pai, a quem tanto me orgulho.
Acredito na força Divina que nos rege, precisamos lutar sempre para o progresso de nossas vidas, não importa a religião de cada um e sim a fé que nos move, essa sim faz você crer no impossível, e eu resolvei lutar, pois não há vitória sem luta.
Juliana Gomes
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